PRIMAVERA DO LESTE - MT

Salve, salve...tô na área pra falar do Centro-Oeste, mais precisamente da cidade de Primavera do Leste, no interior do Mato Grosso. Nessa ocasião eu tive oportunidade de fazer uma parada que gosto muito que é poder fazer um bate-papo com a juventude e depois tocar um som. No bate-papo, que aconteceu no dia anterior, no ginásio de uma faculdade que também tava engajada no propósito do evento, o ginásio tava lotado. Pessoas de todas as áreas, sexos, raças...participaram fazendo muitas peguntas sobre tudo! Inclusive o prefeito, que além de ser um apoiador, permaneceu até o final. Já no dia seguinte a chapa esquentou na Praça de Eventos com a entrada do Dentinho e seu grupo. Dentinho é um jovem ex-infrator que conseguiu, através do hiphop e da CUFA - Cuiabá, se reabilitar e ajudar a cuidar de outras vidas...depois foi a vez de Linha Dura e DJ Taba, esses são a representação musical e militante de todo estado, na teoria e na prática! Linha Dura é o coordenador geral da CUFA - MT. Fechando a tampa do evento, meu bonde musical, que me ajudou a mandar várias novas e muitas das antigas também, já que é um lugar onde nunca havia estado antes. Foi lindo! Lindo porque a cidade é bem nova, só tem 20 anos, menos que o hiphop, e um fato positivo nisso: há ainda uma pureza nas pessoas, principalmente em relação ao hiphop. Não é como em muitos lugares, onde todo mundo quer ser CANTOR DE RAP e os shows acabam sendo pra outros grupos, sem emoção, sem palmas. Eles não compram ingressos, nos olham de cara feia o tempo todo e sofrem porque nao estão tocando no evento. Se dirigem a mim como se fossem os donos do hiphop, como se representassem a periferia. Só precisa saber se a periferia se sente representada por eles. O tapete vermelho da favela não tá estendido pro rap, tá estendido pra Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho, Zezé di Camargo...Os pseudo-revolucionários do rap se acham os transformadores, quando na verdade, muitos se quer conseguem convencer suas famílias a serem seus fiéis. Alguns até arriscam umas críticas a mim quando os recebo no camarim, criticam os lugares onde apareço, onde toco, onde dou entrevista, a forma que a CUFA trabalha...as críticas viram algodão doce, pois ninguém me direciona, me dizendo então qual é o caminho que devo seguir ou quem devo ter como referência!!! Enquanto as respostas não surgem, continuamos seguindo o caminho que criamos, fazendo do nosso jeito! Mas em Primavera do Leste foi bem diferente, as pessoas batiam com a mão direita no lado esquerdo do peito e na leitura labial eles diziam “EU AMO SEU SOM, VOCÊ TÁ NO MEU CORAÇÃO, NÓS TE AMAMOS...”, coisas raras de ouvir em shows de rap. O palco era baixo, tinha poucos seguranças, só uma viatura, não tinha camarim e nao teve nenhuma briga! Que bom que os propósitos do hiphop estão sendo compreendidos em Primavera do Leste, deve-se isso ao grande trabalho que os irmãos Linha Dura e Dentinho fazem com as bases de MT. Tâmo junto, misturado e lúcidos nas opiniões.

Bill