segunda-feira, setembro 11, 2006

Dia do Livramento

Na segunda-feira , 28 de Agosto de 2006, estava marcada uma palestra para eu fazer em Macaé. Eu sempre fico muito preocupado quando tenho que fazer alguma coisa na Região dos Lagos ou no Norte Fluminense por conta das péssimas condições da BR-101.

Firmei o pensamento positivo e ralei de casa.

Antes, passei na base da Cufa CDD pra fazer algumas coisas e falar com algumas pessoas. Saí da base às 15h e pouquinho para o ponto de encontro no outro lado da Cidade de Deus.

Lá, já estava Bagdá (que trabalha comigo no apoio) conversando com o Gordo (que toca na minha banda - e não ia viajar) e o piloto (enviado pela produção do evento). Eu cheguei junto com o Nino (produtor), nos cumprimentamos, nos despedimos do Gordo e entramos na viatura.

O carro era uma Parati prata. O piloto, um russão um pouco maior que eu, que nem lembro o nome. Bagdá sentou no carona, eu e Nino atrás. Fizemos uma parada depois de Alcântara, pra comer alguma coisa e saímos muito rápido. Retomamos nossos lugares no carro. Bagdá e o piloto colocaram cintos de segurança e partimos.

Nino e eu no banco de trás conversávamos sobre a palestra do dia e o resto da agenda.De repente parei de prestar atenção no que Nino dizia e levei meu pensamento à semana anterior, quando minha mina me contou algumas histórias de acidentes com vítimas fatais pela falta de cintos de segurança e me alertou para o uso dele mesmo no banco de trás. Lembre, puxei o cinto e afivelei.

O piloto olhou pelo retrovisor e começou a rir de mim e perguntou se eu estava com medo. Eu disse que não, que era só precaução. Mal sabia que aquele gesto, mais tarde salvaria minha vida. Ele disse que já dirigia há 30 anos e nunca tinha sofrido um acidente. Completei dizendo que naquele dia, sua "marca" não seria quebrada.

O Nino me olhou, puxou e também afivelou o cinto.

Aproveitei pra perguntar ao piloto quanto tempo faltava pra chegarmos à Macaé. Ele disse 02 horas. Iríamos chegar à tempo.

Na estrada, má sinalização, muito mato, montanhas, árvores, grandes horizontes, que nos fizeram perder a noção da velocidade. Até então o carro tava numa velocidade tranquila e , quando o piloto acelerou nós não percebemos. Fizemos isso somente numa curva sinuosa, onde os pneus da Parati cantaram e eu me dei conta de olhar pro ponteiro, que marcava 180 km/h.

A curva a nossa frente foi mais rápida que o meu pedido pra diminuir a velocidade. O carro girou na pista e caiu capotando cinco vezes numa ribanceira com um brejo no fundo. Milagrosamente o carro parou de pé e não bateu em nenhuma das dezenas de árvores que tinha no local. Só para se ter idéia da violência da batida, o carro deu perda total!

Depois que o carro parou, as primeiras palavras foram minhas: "Eu sabia! Pra que correr desse jeito?"

Bagdá foi o primeiro a sair. Nino saiu pela sua janela, que se quebrou com o impacto. E eu fui ajudado pelo Bagdá. A porta do meu lado tinha emperrado. Saí do carro com muita raiva e uma vontade muito grande de meter a porrada no piloto, mas fui contido por Bagdá.

Ainda bem. Não tem nada a ver. Mas que deu vontade, deu.... A subida que nos levaria de volta à pista era íngreme e cheia de mato. Subimos nos dando a mão e usando o mato pra se segurar. Chegando à superfície, nos abraçamos e fizemos uma mini-oração de agradecimento. Nino só chorava, eu não conseguia falar e o Bagdá apesar do ferimento leve na cabeça, era o mais calmo. Talvez pela experiência de vida que ele possui. Vinte minutos depois chegou Bombeiros, Polícia Rodoviária, reboque do seguro e outro carro para nos levar ao Hospital de Traumologia...

Ficamos no Hospital por volta de 03 horas, onde fomos submetidos a uma bateria de exames até a nossa liberação. Ao sairmos, fomos recebidos pela produtora do evento e dezenas de pessoas que saíram do teatro e foram ao hospital levar apoio. Fomos conduzidos a um hotel e na manhã seguinte retornamos pra casa, numa viagem bem tranquila.

Agradecemos aos médicos, bombeiros, povo de Macaé. Às pessoas que demosntraram preocupação com nossas vidas.

E o agradecimento maior é a Deus, por nos dar a chance de renascer.

Aos 32 anos eu vi de perto que viver é muito dificil. Já morrer, basta estar vivo.

"Viva sua vida intensamente, com segurança."

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